segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

CRISTAIS SWAROVSKI EM FOLHA DE PAPELÃO







..E rabiscos de caneta bic em papel de pão.


EU gosto das coisas simples... definitivamente ! Do prático, do básico, do acessível, do bom, bonito e barato.


Simpatizo com o capitalismo mas não resisto a uma ponta de estoque. Não consigo dar esse valor todo que o comércio estabelece a certas coisas materiais. Logo quebram, estragam, queimam, rasgam, se acabam. Da mesma forma.


Mil reais por UMA noite de festa? Com essa grana faço milagres e ainda invento inúmeras festas e tão bacanas quanto.E ninguém fica olhando pro meu sapato, procurando minha etiqueta ou falando do último modelo de relógio que comprou em Nova York. Comprem... (À Vontade)... assim com eu quero estar!


Bem à vontade, despenteada se for o caso.


Porque nessa vida, tudo que é bom DESPENTEIA:


-Fazer amor, despenteia.

- Rir às gargalhadas, despenteia.

- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.

- Tirar a roupa, despenteia.

- Beijar à pessoa amada, despenteia.

- Brincar, despenteia.

- Cantar até ficar sem ar, despenteia.

- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível…


Tem que existir alguém que pague pelo luxo, pelo requinte, pelo muito caro....pelos excessos e pelos exageros. Questão de gosto! Talvez... Não o meu.


Eu gosto da grandeza das coisas simples, gosto de poder estar sendo eu mesma em toda situação.


Gosto de gente pobre. Me inspiram a superar dificuldades com simplicidade.


Gosto de gente rica. Me mostram com elegância e requinte que eu não to perdendo nada.


Gosto das pessoa ricas que sabem ser simples e a valorizar as coisas simples da vida!


Gosto de admirar gente que não se esforça para ser admirado. Mas que ainda assim, faz algo admirável.

Realmente estamos vivendo um paradoxo em nossos tempos:

As pessoas hoje vivem para conseguir um cargo melhor, um carro melhor, uma casa maior, um salário mais alto e quanto mais alcançam seus objetivos mais infelizes vão se tornando.

Hoje temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos...

Temos auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos...

Gastamos mais, mas temos menos...

Compramos mais, mas desfrutamos menos... Temos casas maiores e famílias menores...

Hoje bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma excessiva, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos facilmente...

Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores.

Aprendemos a ganhar a vida, mas não vivemos essa vida...

Temos maiores rendimentos, mas menos padrão moral...

Lucros expressivos mas relacionamentos rasos...

Mais lazer, mas menos diversão..

Maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição...

São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável e pílulas que fazem tudo: alegrar, aquietar, matar...


Gosto muito do livro AUTO-ENGANO de Eduardo Giannetti:

“(...) Há muita coisa em jogo. A condição epistêmica natural do homem torna a nossa vida mental opaca à introspecção. Mas a fonte das sombras e refrações que, em maior ou menor grau, distorcem a imagem que formamos de nós mesmos e de nossas motivações na vida prática é de natureza psicológica e moral. Qualquer que seja a métrica de valor relevante em cada caso particular, o indivíduo deseja parecer para os demais – e, principalmente, para aqueles que contam- melhor do que ele se sabe ser (...).


E ao ler A ELEGÂNCIA DO OURIÇO (Muriel Barbery), extraí dois trechos que complementam o contexto:

“(...) A estética, se refletirmos um pouco a sério, nada mais é que a iniciação à Via da Adequação.

Todos nós temos implantado em nós o conhecimento do adequado. É ele que, a cada instante da existência, nos permite captar sua qualidade e, nessas raras ocasiões em que tudo é harmonia, desfrutá-la com a intensidade requerida.”

“(...) Os que, como eu, são inspirados pela grandeza das pequenas coisas a perseguem até no coração do não-essencial, onde, revestida de trajes cotidianos, ela brota de um certo ordenamento das coisas ordinárias e da certeza de que é como deve ser, da convicção de que é bem assim.”

As pessoas perderam o prazer naquilo que é simples, verdadeiro e deixaram de viver suas vidas para viverem apenas seus objetivos.

Estou ENGANADA? Sei que não…

Encerro com a descrição de Muriel:


“(...) A sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes.”

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Necessidade


" Vai passar, é claro que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. "

Caio Abreu
Confissões pedem folha branca. Não grites, não suspires, não te mates: escreve."

(Drummond)

NESTE MOMENTO

Tão bom quando a gente compreende certas coisas.

Mas um compreender inteiro, que nasce quando a gente vivencia certas coisas de peito aberto e se

entrega ao que tiver que ser, como tiver que ser. Um compreender que nasce quando a gente perde o

medo da vida e entende que a beleza está nas coisas serem inteiras, e não perfeitas.

E palavras alheias sempre a dizer exatamente o que a gente queria dizer, e não sabia como.

(* Gilberto Gil, em 'Drão")