Olho o mundo de um trilho paralelo não sinalizado em modo intermitente e clandestino para respirar sem máscara. e aprendo devagar porque me perco a distinguir os aromas, a decifrar o código das sombras, a coar as vozes no filtro do silêncio. Distraio-me com as flores que crescem à toa pelas bermas, mas não me detenho nos trevos.
Não me move qualquer meta. O prazer está na viagem e nos detalhes que atravessam as paragens. Partilhas fortuitas. E não tenho pressa. Deixo-me levar no ritmo da respiração das árvores e no embalo da brisa. Saber que a vida não é uma linha reta e não se compadece com malmequeres proféticos, não me impede de reconhecer às vezes a linguagem íntima da alma quando me cruzo com um aroma distinto. Então tenho rasgos como relâmpagos e alimento-me da embriaguez da música. Dou assim contributos para a combustão dos sonhos. E só me espanta como consigo morrer tantas vezes.
Já pouco ligo às vozes de fora mas ainda preciso disciplinar o espasmo dos dedos. A lucidez é um bisturi que me recorta rigorosamente os olhos sem lhes causar dano. Dói-me a lâmina que os disseca. Nunca os olhos, e só não sei como sair daqui sem sair daqui.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
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