Era março de 1979. Aos 20 anos, Carlos Tolovi cursava o primeiro ano de administração de empresas na PUC de São Paulo. Numa manhã, como sempre fazia antes de entrar em classe, ele foi até a lanchonete da universidade tomar um café. Uma amiga apareceu e pediu um gole da bebida. Tolovi passou-lhe a xícara. Ao beber novamente o café, o rapaz sentiu um gosto estranho, amargo demais. No ato, ele teve a certeza de que havia sido envenenado. Voltou correndo para casa, enjoado. Vomitou durante toda a tarde – o que, em sua lógica, confirmava a suspeita de que a moça tentara matá-lo. Não era nada disso, claro. Naquela manhã, Tolovi havia adentrado o inferno da esquizofrenia. Ele passou a ser acossado por delírios persecutórios. A visão de um grupo de pessoas conversando, por exemplo, podia ser interpretada como um sinal inequívoco de que algo estava sendo tramado contra ele. Aos delírios, seguiam-se crises profundas de isolamento. A vida foi suspensa. Mas, graças aos remédios, às sessões de psicanálise e aos encontros com o grupo de auto-ajuda Fênix, desde 2005, Tolovi está livre dos surtos. "Quando fico duas noites sem dormir e perco o apetite, já sei que a coisa está vindo e imediatamente procuro o meu médico para que ele aumente as doses da medicação", diz.
"Mais do que qualquer sintoma, a característica definidora da doença é o profundo sentimento de incompreensibilidade e inacessibilidade que o paciente provoca nas outras pessoas", escreve a americana Sylvia Nasar, no livro Uma Mente Brilhante, a biografia do matemático John Nash, hoje com 80 anos e diagnosticado .aos 30.
Com cerca de 1 milhão de vítimas e 56 000 novos casos a cada ano no Brasil, a esquizofrenia é uma psicose devastadora. Solapa o raciocínio, a percepção, o afeto, a vontade. Além de sofrerem delírios, os doentes são acometidos de alucinações. Escutam vozes, vêem seres imaginários. A esses surtos intercalam-se períodos de uma apatia mortificante, marcados por lentidão e desordem de pensamento
Ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1994, por sua contribuição
à teoria dos jogos, feita 44 anos antes, o matemático americano John
Nash, hoje com 80 anos, sofreu o primeiro surto esquizofrênico aos 30.
Nessa primeira crise, ele acreditava ter sido escolhido por alienígenas
para salvar a Terra. Em seus delírios, Nash dizia que esses seres se
comunicavam com ele por mensagens cifradas nos editoriais do jornal
The New York Times. O matemático foi interpretado no cinema pelo ator
Russell Crowe (no detalhe), em Uma Mente Brilhante.
Em um passado não muito remoto, os doentes estavam todos condenados ao manicômio. A esquizofrenia não tem cura e configura o mais intrincado transtorno psiquiátrico. Entre as poucas certezas está a de que ela tem forte componente genético e é deflagrada por gatilhos externos. Até hoje, no entanto, não foi possível determinar um padrão para eles. Podem ser infecções graves, stress e traumas afetivos. A medicina está longe de decifrar a esquizofrenia por completo, mas os progressos registrados nas últimas décadas permitem à maioria dos pacientes levar uma vida razoavelmente normal – como Tolovi.
Há ainda quem associe a esquizofrenia a pessoas intelectualmente sofisticadas. Essa é uma teoria sem nenhum fundamento. O que ocorre é que grandes artistas, escritores e cientistas padeciam – e padecem – do mal. É a notoriedade de tais personalidades que dá a impressão de que se trata de uma doença de iluminados.
No cérebro esquizofrênico, há menos dopamina no lobo frontal e mais dopamina no lopo temporal. A falta de dopamina no lobo frontal causa apatia e lentidão de pensamento. O escesso de dopamina na região temporal provoca delírios e alucinações. Essas duas falhas caracterizam os sintomas da doença.
Novos medicamentos para o tratamento dos sintomas da esquizofrenia estão sendo estudado se desnvolviods atulmente pela indústria.
http://www.cerebromente.org.br/n21/history/risperidona.gif
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