quinta-feira, 12 de março de 2009




Antes de postar algo explicitamente científico, resolvi explorar o texto que encontra-se na página 173 do livro HUMANO, DEMASIADO HUMANO, de Nietzsche, o qual estou lendo no momento. Esse texto fala sobre o futuro da ciência, e nos remete a um sutil paradoxo:


CONSCIÊNCIA COM CIÊNCIA.

Na mesma amplitude que o deslanchar inquieto da ciência alavanca tecnologias, comodidades, curas, facilidades, benefícios, acumula um lixo que vai sendo gerado por conta dessa disparatada aceleração na fuga para o futuro. E a nossa responsibilidade? Fica assistintindo de camarote??
Dá dor sim, na consciência, usar animais para pesquisa científica. É preciso ser extremamente racional para tal destreza.
Confesso que se eu não tivesse cursado Nutrição, não pensaria tanto em bactérias na hora de escolher um lugar para almoçar. Lembro de um jovem da minha rua que certa vez ficou esquizofrênico de tanto estudar sobre esquizofrenia. Antigamente, muitas vezes a causa da morte era a "velhice", que ameno!
Enfim, eu fico me questionando incessantemente sobre ter ou não esse filtro, ou cérebro duplo que Nietzsche descreve.


"A ciência, que devia ter por fim o bem da humanidade, infelizmente concorre na obra de destruição e inventa constantemente novos meios de matar o maior número de homens no tempo mais curto."
(Tolstoi, Confissões)


"O aquecimento global é só uma das faces do inferno que antecipamos com nossa modernidade'

(Milton , Paraíso perdido)
"Sentimos que, mesmo que todas as possíveis questões científicas fossem respondidas, nossos problemas vitais não teriam sido tocados."
(Wittgenstein, Tratado lógico-filosófico)


A ciência fez de nós deuses antes mesmo de merecermos ser homens."
(Jean Rostand, Pensamentos de um biologista)

A ciência dá muita satisfação a quem nela trabalha e pesquisa, e muito pouco a quem aprende seus resultados. Mas, como aos poucos todas as verdades importantes da ciência tem de se tornar cotidianas e comuns, mesmo essa satisfação desaparece: assim como há tempos deixamos de nos divertir ao aprender a formidável tabuada. Ora, se a ciência sobre a metafísica, a religião e a arte consoladoras, subtrai cada vez mais alegria, então se empobrece a maior fonte de prazer, a que o homem deve quase toda a sua humanidade. Por isso uma cultura superior deve dar ao homem um cérebro duplo, como que duas câmaras cerebrais, uma para receber a ciência, outra para o que não é ciência; uma ao lado da outra, sem se confundirem, separáveis, estanques; isto é uma exigência da saúde. Num domínio a fonte de energia, no outro o regulador: as ilusões, parcialidades, paixões devem ser usadas para aquecer, e mediante o conhecimento científico deve-se evitar as consequencias malignas eperigosas do superaquecimento - Se esta exigência
de uma cultura superior não for atendida, o curso posterior do desenvolvimento humano pode ser previsto quase com certeza: o interesse pela verdade vai acabar, à medida que garanta menos prazer; a ilusão, o erro, a fantasia conquistarão passo a passo, estando associados ao prazer, o território que antes ocupavam: a ruína das ciencias, a recaida na barbarie, é a consequencia seguinte; novamente a humanidade voltará a tecer sua tela, após havê-la desfeito durante a noite, como Penélope. Mas quem garante que ela sempre terá forças para isso?


Humano, Demasiado Humano, Nietzsche.












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